A Feira do Metal de Almada e, mais concretamente, os concertos de dias 12 e 13 de Abril, comemoraram os 25 anos de aniversário do evento. Aqui o vosso escriba apenas teve disponibilidade para assistir ao segundo dia de concertos.
Os concertos da Feira tinham como uma das atrações principais o regresso das Black Widows aos palcos, com nova formação. A banda, originalmente formada nos anos 90, e “armadas” com o álbum, “Sweet…the Hell”, de 2002, bem como algumas novidades, regressava aos palcos e era grande a minha curiosidade já que tendo ouvido falar do coletivo no início deste milénio, nunca tinha tido a oportunidade de assistir a um concerto do mesmo.
A atuação do coletivo “negro” começa com “In Death”, um dos temas de “Sweet…the Hell” prosseguindo com “Womb” e “The Overcome” da mesma obra. Fico perplexo com o carisma da vocalista, Rute Fevereiro, fundadora da banda. Não é costume, pessoalmente falando, ver uma banda underground com tamanha interação com o público e tal presença em palco. “Eden Denied” e “Forgive to Forget” foram os novos temas estreados. A vocalista apresenta “Eden Denied” como uma música que se debruça sobre a violência doméstica e tem o cuidado de referir que “não só sobre mulheres mas também sobre homens”. Bem sabemos como no clima de “guerrilha” que se vive nas redes sociais é fácil generalizar e estereotipar. Rute Fevereiro e as Black Widows parecem estar cientes desse perigo e não embarcam em generalizações fáceis e simplistas. A violência é de condenar não importando quem seja o autor da mesma. “Forgive to Forget”, a outra novidade, tem a particularidade de ter uma secção de bateria muito original particularmente ao nível dos pratos. Rute acabaria por agradecer também, durante a atuação, a Zubi Fernandes, que estava na mesa de mistura, o seu enorme contributo na formação musical da mesma. “Awaken” seria o tema que encerraria a noite numa atuação sólida por parte da banda perspetivando um “olhar” para o futuro que aguardamos, curiosos.
O início das “hostilidades” dessa noite ficou a cargo dos Son Of Cain, um duo praticante de um som que se assemelha a Southern Hard/Rock. Apesar do coletivo ser formado por apenas dois elementos, guitarrista e baterista (com este último a assegurar as vocalizações), conseguiram ter um som “cheio”. Era inegável o virtuosismo do duo. O guitarrista alertou para a séria possibilidade de ser a última vez que se faria um concerto naquele espaço já que o processo de “encerramento” do Ponto de Encontro está a seguir avante devido a novas políticas municipais (ver este artigo para mais informações).
Os lendários Sacred Sin, autores do primeiro videoclip de Metal português a rodar na MTV, encerrariam a noite. Apesar da longa demora no soundcheck, valeu a pena já que o som ficou impecável, assinalando a melhor qualidade de som da noite. Assinaram uma atuação devastadora. Momento cómico chegou quando João Costa, o vocalista/baixista, anunciou o “slow” da noite, música essa que se revelaria a mais rápida da sua atuação. A boa disposição prosseguiu com o frontman a perguntar ao público se estava a gostar do bailarico. A surpresa da noite chegou quando a vocalista das Black Widows se juntou aos Sacred Sin para colaborar na última música destes. É bonito ver bandas de Metal a unirem-se numa causa comum!
Apesar da noite ter começado com pouco público – o que era de certo modo surpreendente já que os concertos eram de entrada livre – ao longo da noite a sala foi enchendo, estando completamente cheia durante a atuação da última banda.
Esperemos que a Câmara Municipal de Almada reverta a sua decisão para que o Ponto de Encontro continue a ser um espaço disponível para concertos já que para além de ser um espaço emblemático, tem uma vista sobre o rio esplendorosa e é uma sala completamente apta para concertos.
Nota: Para se esclarecerem melhor relativamente à situação do Ponto de Encontro, podem ler o texto da petição aqui.
Agradecimentos: Fica o nosso profundo agradecimento às Black Widows que nos disponibilizaram todo o material necessário para que este report fosse o mais preciso e completo possível.
Ass: Vítor “The Incinerator” Teixeira