Entrevista: Mário Lino – Museu do Heavy Metal Açoriano

Mário Lino é um conhecido divulgador das sonoridades mais pesadas, nos e dos Açores, sendo o responsável pelo Museu do Heavy Metal Açoriano para além de ter um programa de rádio online. É sua a iniciativa do lançamento recente da compilação “Azores & Metal Vol. #1” que divulga bandas açorianas, algumas das quais, gravaram novos temas de propósito para serem integradas nesta. Nesta entrevista, Mário fala sobre como se tornou um divulgador proeminente do Metal açoriano e nacional “abrindo a sua alma” em relação ao que o levou a lançar a compilação bem como do que, na sua opinião, pode ser melhorado ao nível da cena Metal nacional e da divulgação da mesma.

Para quem não te conhece, podias fazer uma descrição da história de como surgiu a tua paixão pelas sonoridades mais pesadas e de como te tornaste um divulgador do Metal?

Pelo que me recordo, acho que foi nos finais de ’80 que me interessei pelo hard’n’heavy e depois pelo metal mais intenso, e talvez como todos nós, foi no secundário no grupo de amigos que começou a partilha e descoberta das muitas bandas e underground. Minha principal actividade e dedicação foi na criação da Fanzine Thrash Publishing, que nasceu para os fans e membros do fan club dos Morbid Death, mas depois tornou-se independente e foi a mais importante fanzine Açoriana e muito bem acolhida no continente. Nos inicios de ’90 dediquei-me à Thrash Publishing em formato papel, depois com o passar do tempo e surgimento do potencial da internet, passei a website e a distribuidora de música. Isto tudo durou entre ’90 e 2010 mais coisa menos coisa, mas a vida teve outras prioridades e abandonei o underground.

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Grog celebram os 30 anos na Antena 3

A mítica banda portuguesa Grog, com origem em Oeiras, celebrou os seus trinta anos com uma entrevista alargada que deram ao programa Alta Tensão, da Antena 3, conduzida pelo mítico António Freitas. Esta entrevista especial tem cerca de duas horas e meia e é pontuada também por várias declarações de outros intervenientes na cena Metal nacional que testemunharam a carreira da banda desde o seu início partilhando histórias engraçadas e curiosas sobre a mesma. Podem ouvir neste link este especial da Antena 3 que é imperdível para quem se interessa pela história do Metal português.

Podem conferir mais informação sobre a banda bem como ouvir, na íntegra, o álbum “Ablutionary Rituals”, de 2017, em artigo anterior do Sons.

Entrevista: Sanctus Nosferatu

Tendo acabado de lançar o single “1.E4” que irá integrar um futuro EP, os portugueses Sanctus Nosferatu, fundados em 2002, refletem as dificuldades que a maioria das bandas portuguesas encontra para terem uma carreira sustentada e regular com o acréscimo de serem uma banda açoriana logo sofrendo os efeitos da insularidade que, curiosamente, se têm tornado mais vincados ao longo do tempo. Contudo, há esperança e nessa base, a banda açoriana já executou a sua primeira “jogada”, arriscada mas corajosa, com o lançamento do seu primeiro single “1.E4” que fará parte integrante de um “jogo de Xadrez” mais alargado com o lançamento de um EP no futuro próximo e consequente digressão a nível nacional…

Tendo sido fundados em 2002, poderiam fazer um resumo da vossa história incluindo marcos mais relevantes para quem não vos conhece?

Como foi referido na questão, somos uma banda formada em 2002, mas apenas em 2006 conseguimos estabilizar o nosso lineup. Nesse mesmo ano, gravámos e editámos a promo track “Revelation”. Em 2007, assinámos um contrato com uma editora/distribuidora brasileira que foi responsável por uma reedição da promo track “Revelation” na América do Sul, e assim obtivemos um maior feedback no Brasil. Em 2009, vencemos o Concurso de Musica Moderna da Ribeira Grande, o que nos permitiu pensar em algo maior como a edição de álbum (“SAMCA”) que foi efetivada em 2012. Durante todos esses anos, tivemos o nosso trabalho divulgado em diversos meios de comunicação, sujeito a reviews, entrevistas, participações em compilações/splits e alguns concertos que nos enriqueceram enquanto banda.

O vosso nome parece encerrar em si uma dualidade aparente juntando duas palavras opostas. Qual foi a razão pela qual escolheram este nome e do significado que tinha/tem para a banda?

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Entrevista: Nematomorphos

Inseridos em 2018 no cenário Metal português e tendo lançado o seu EP “Survive The Wasteland” em Dezembro de 2020, os Nematomorphos acederam ao pedido do Sons para entrevista e “abriram a alma” para nos confidenciarem, entre muitas outras coisas, a origem do seu curioso nome, a temática do seu EP, o que pensam da possibilidade de uma coexistência “pacífica” entre o ser humano e a Natureza (em que a pandemia foi metida “ao barulho”) e sobre os planos que têm para o futuro que passará por uma digressão europeia. E procuram mais um membro para a posição de guitarra portanto não se “acanhem”…

Podiam falar um pouco sobre a vossa história até hoje incluindo a data da vossa fundação e marcos mais relevantes para quem não vos conhece?

Para falar da fundação, é preciso fazer uma retrospecção e perceber as influências que estão por detrás. O Rangel, que foi o precursor da banda, desde os finais dos anos ’90 que segue bandas como Sepultura, Slayer, Megadeth e Kreator; já para não falar da preponderância dos Rage Against the Machine (o próprio tem duas tatuagens deles!) na mudança de mentalidade de um adolescente. São bandas que falam de assuntos marcantes para a sociedade, como geopolítica, injustiça, desigualdade, e tiveram grande impacto na formação do carácter do nosso vocalista. Durante anos, actuou em projectos com pouca visibilidade, como The Black Experience, Fetiş (agora, The Madcap) e Roadburn, numa onda mais Rock. Só em 2013 chega aos Ledderplain e aos Sons do Douro (como percussionista), onde começa a pisar palcos maiores. No entanto, a sua vontade era fazer Metal mais extremo, com outra perspectiva, mais social e interventiva, e isso concretiza-se em 2018.

O nosso grande marco foi começar a actuar apenas 2 meses após a fundação! Tivemos a oportunidade de fazer o warm-up do Ink’n’Roll, a convite da organização (grande abraço para o Pedro Pacheco!) e do Rui Teixeira aka Machado, do TreBARvna. Que aliás, é uma das pessoas mais importantes na nossa ‘carreira’. Desde sempre nos apoiou, e até hoje, é a primeira pessoa a quem mostramos qualquer gravação, e dá-nos sempre feedback e força para continuar.

Depois, tudo começou a tomar o seu rumo. Uns meses depois, actuámos no nosso primeiro festival, o Outeiro Metal Fest, seguiu-se o Sebadelhe, a NeverLate, o Tondela Rocks, até ao último concerto antes da pandemia, na Assembleia do Metal. Pelo meio, tocámos no palco Ceve do Laurus Nobilis, fomos headliners no MoltenFest e criámos o nosso próprio festival, o Tarouca Summer Rocks.

Porquê o nome de Nematomorphos para a banda?

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Entrevista: Black Widows

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Nome indissociável da “explosão” do Metal português na década de 90, as Black Widows foram uma das bandas mais marcantes surgidas nessa década integradas num período de grande amadurecimento da cena Metal portuguesa enriquecida pelo surgimento de várias bandas criadoras de arte de elevada qualidade. Apesar de várias peripécias, “altos e baixos” e até uma tragédia durante a carreira bem como períodos de inactividade, a banda resolveu voltar “à carga”, demostrando toda a sua persistência, em 2017 regressando com nova formação. Para além de Rute Fevereiro na guitarra e vocalizações, e de Mónica Rodrigues nos teclados, tem como novos elementos: Solange Campos no baixo, Lee AN na guitarra, e Aila Português na bateria. O Sons esteve à conversa com a fundadora da banda, Rute Fevereiro, para indagar sobre o passado, presente e futuro do coletivo.

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Recordando os primórdios das Black Windows, o que vos levou a criar o grupo nos anos 90? Referiste que criaste o grupo, em 1995, após a entrada na universidade e conheceres a Alexandra Figueiredo. Podemos saber em que universidade esse encontro se deu? Podias fazer um resumo do que foi a carreira das Black Widows até agora para quem não vos conhece?

A universidade em questão foi o ISCTE. Quanto ao nosso historial: As Black Widows são uma banda composta exclusivamente por mulheres que tocam metal pesado e Continue a ler “Entrevista: Black Widows”

Entrevista: Earth Drive

Earth Drive Perfil

Magnificência cósmica e espiritual…

…é o que poderemos chamar da viagem que ocorre quando assistimos a um concerto ou ouvimos um registo discográfico dos Earth Drive. O Sons Subterrâneos debruçou-se numa entrevista intimista com a banda natural do Montijo em que foram abordados assuntos como a energia vital, o Universo, a autenticidade e sobre seguir o coração e os sonhos entre outros assuntos profundos…

Podem-nos contar o vosso historial desde o início da banda para se darem a conhecer a quem não vos conhece bem? Nomeadamente a nível de mudanças de formação e a marcos importantes?

Nascemos no Montijo em 2007 e fizeram parte da banda o Carlos Rodrigues (Bateria), Jorge Pinela (Guitarrista), André Eusébio (Guitarrista) e Fernando Peres (Bateria) que saíram por motivos pessoais . Mas desde 2011/2012 que mantemos a formação actual.

Gravamos algumas demos sendo que apenas em 2015 merecemos a aposta da Raging Planet para editar o EP “Planet Mantra”.

Durante o ano de 2016/2017 passamos por vários palcos de destaque do espectro underground português, como o festival Reverence Valada, Under The Doom IV Edition, Sprint to Rock Fest II e VOA Heavy Rock Festival com boas review´s quer no âmbito da qualidade da performance ao vivo quer relativamente ao Ep “Planet Mantra”.

Editamos no dia 20 de Outubro de 2017 o primeiro álbum “Stellar Drone” que mereceu novamente a confiança da prestigiada e carismática editora portuguesa Raging Planet.

Como surgiu o nome Earth Drive para a banda? Está relacionado com o misticismo e espiritualidade que normalmente associamos à Mãe Natureza/Mãe Terra?

Podemos afirmar que sim na medida em que pretendemos identificarmo-nos com um nome que nos inspire e nos proporcione uma ligação forte e profunda com a energia que nos rodeia. No fundo pretendemos conectarmos o melhor possível com essa energia vital para que a nossa arte seja o mais autêntica e representativa da nossa experiência neste mundo.

Earth Drive - Front

A vossa sonoridade é difícil de catalogar. Poderiam informar-nos sobre a influência que cada membro traz à banda? Nomeadamente ao nível de bandas preferidas de cada um?

Talvez seja mais fácil referir que gravitamos todos mais ou menos em algumas influências comuns como Pink Floyd, Beatles,Pearl jam, Tool, Kyuss, Deftones.

Porque é que deram o nome de “Stellar Drone” ao vosso álbum?

Não tinhamos intenção de ter qualquer tipo de conceito quanto ao conteúdo do disco nem foi nada premeditado. O nome surgiu e foi representativo do início de algo muito significativo para nós e adequado ao art work do Daniel Martin Diaz. Funciona para nós como Mantra primordial inspirador.

O nome surgiu por acaso e só lhe fomos atribuindo significado à medida que tudo se foi complementando com o Art Work. Vêem-se no mesmo representados graficamente buracos negros e ondas gravitacionais em conjunto com uma outra imagem representativa de uma hierárquia da consicência. Podemos interpretar que “Stellar Drone” acaba por ser o som (Drone estelar) derivado da colisão de dois buracos negros que dá origem a um novo início, a uma nova tomada de consciência da humanidade para com fenómenos de sincronicidade que poderá ser transformadora e positiva.   É dessa forma que temos sentido o conteúdo do disco a todos os níveis e que se vai transformando à medida que as experiências de vida vão surgindo de uma forma sincronizada com a autenticidade que existe em cada um de nós. Quando mais conectados estivermos com o nosso ser mais profundo e genuíno mais transformadora e inspiradora poderá ser esta viagem e as várias interpretações que poderão surgir deste nome.

Todos os membros da banda participam na composição da música e das letras do álbum ou existe uma dinâmica diferente?

Participamos todos na composição instrumental. As ideias vão surgindo e vamos todos reagindo e contribuindo no sentido de servir o melhor possível o tema em questão a estética e textura sonora própria da banda. Quanto às letras são maioritariamente escritas pela Sara embora todos contribuamos pontualmente nas mesmas.

Numa entrevista recente à LOUD! afirmaram que a vida de uma banda não é nada fácil e a vossa vocalista Sara afirmou até que as relações interpessoais não são nada fáceis. Poderiam desenvolver mais essa vossa resposta?

É uma afirmação transversal ao fenómeno da vida em geral. A qualidade das relações interpessoais é fundamental para que se consigam atingir objectivos e é normal em qualquer contexto organizacional que existam divergências, acontecimentos de vida pessoais complicados que por vezes determinam os comportamentos e as atitudes de cada um. A vida de banda tem muitas especificidades que são duras e é necessário existir muita empatia e comunicação assertiva para que se consigam ultrapassar as dificuldades e as frustrações que sentimos dentro e fora da banda.

No vosso concerto no Stairway Club, no passado dia 5 de Janeiro, quando se despediram com a última música, a banda através das palavras de Hermano, o vosso guitarrista, pediu ao público para seguir os seus sonhos e o seu coração. O que causa esta necessidade de comunicarem para o público desta forma?

No fundo sentimos necessidade de partilhar com o público aquilo que é a nossa verdade e essa verdade é naquele momento a experiência autêntica que estamos a viver com as pessoas que estão na sala. Esse momento que consideramos bonito e mágico é maior do que todos nós e resulta do nosso sonho e da necessidade de sonhar que todos temos enquanto espectadores, apreciadores de arte e participantes neste mundo. Assim é algo natural que nos sai e que pretendemos continuar a passar a quem decide estar com a banda nesses preciosos momentos. Sentimos convictamente que se estivermos todos um pouco mais conectados com as nossas paixões talvez consigamos conviver num mundo melhor.

Earth Drive - Grey context

O que eu senti com a vossa prestação nesse concerto foi que vocês estavam a ser completamente genuínos convosco próprios e com os vossos sentimentos. E essa genuinidade faz com o público também eleve a sua consciência e o seu nível de espiritualidade. O efeito oposto que temos, por exemplo, com certos trabalhos/empregos que sentimos que nos “drenam a alma”. Quais são as diferentes emoções que sentem depois de um espectáculo? Sentem-se completamente realizados?

Sim claro,  o que demonstramos ao vivo é a sequência do trabalho que realizamos no estúdio e o que fazemos no estúdio é a autêntica expressão daquilo que são as nossas emoções e sentimentos quotidianos que são ali partilhados. Depois a experiência ao vivo é um ritual no qual partilhamos tudo isso com as pessoas que generosamente nos dedicaram aquele tempo.

Nem sempre é fácil sincronizarmo-nos com todas as emoções e sentimentos que originaram determinado tema mas existe sempre uma transmutação de significado que redimensiona totalmente o nosso “feeling” no momento dessa partilha com o público.

Somos o mais honestos possível com o que estamos a fazer mas existem no entanto muitas condicionantes durante todo um dia que antecede o espectáculo ou mesmo dificuldades técnicas durante o concerto que nos distancia um pouco do melhor de nós. Em suma obviamente que nem sempre acabamos um concerto com um sentimento de realização completa até porque somos exigentes com o que pretendemos apresentar e por vezes algum erro que possamos cometer acaba por fazer-nos sentir que não fomos competentes e isso claro que nos frustra mas também nos dá motivação para tentarmos sempre fazer melhor.

Temos um enorme respeito pelo público que generosamente está ali para usufruir do momento connosco e queremos que também se sintam recompensados com um bom espetáculo que pagaram para ver.

Mas claro que é uma actividade bem mais gratificante intrínsecamente do que muitos desses trabalhos que efectivamente nos esmagam o “SER” que realmente somos. Que nos apagam a humanidade que temos dentro de nós e que nos torturam a alma por ilusões de necessidades que são criadas para alimentar uma sociedade “doente”. Por isso, por pior que possa correr um concerto será sempre mais gratificante do que estar num outro local a fazer algo mecânico e pouco criativo.

Vocês conseguem dedicar-se à banda a tempo inteiro ou têm de ter um emprego à parte para pagarem despesas?

Não temos esse privilégio e temos mesmo de ter outras actividades para fazer face às despesas. 

Quais são os planos para o futuro próximo dos Earth Drive?

Neste momento estamos focados em continuar a promover o novo album “Stellar Drone” em todas as oportunidades que nos forem surgindo e a usufruir do aqui e do agora. Queremos continuar a crescer, a trabalhar e a saborear juntos todas as possibilidades que este caminho nos oferecer com responsabilidade e com o sonho que partilhamos com todos os que vamos conhecendo neste meio.

Têm algum conselho que possam dar às bandas que estão agora a começar?

Não nos sentimos como um exemplo mas no caso da nossa experiência ser relevante para alguma outra banda podemos partilhar que sejam o mais autênticos convosco próprios, sejam resilientes, comprometidos com a vossa amizade, com o trabalho e com a exigência que é necessária para que aumentem a probabilidade do resultado dessa dedicação seja reconhecida. Divirtam-se e sejam apaixonados por todos os processos e contextos de banda, desde o criar, ao gravar, tocar ao vivo ou outra situação qualquer relacionada com o estar numa banda. Sejam responsáveis e educados para quem trabalha convosco e por todos aqueles que dispensam um pouco do seu tempo para vos dar atenção.

 

 

Email da banda: earth.drive.sound@gmail.com

Facebook da banda

 

Por: Vitor Teixeira

Sepultura: vídeo da sessão de P e R após estreia mundial de “Sepultura Endurance”

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O Sons Subterrâneos já tinha anunciado a estreia mundial do documentário oficial sobre a carreira dos Sepultura. Esta decorreu no passado Domingo, dia 21, em Los Angeles. Para além desta sessão, ocorreram outras três, que não estavam previstas originalmente, em Brooklyn, Austin e São Francisco.

A sessão de perguntas e respostas, após a exibição do documentário, foi gravada e disponibilizada aos internautas e aos apreciadores da banda.

Entrevista: M.O.R.G.

indexEm seguimento da recomendação feita por Matador dos Revolution Within decidimos entrevistar os M.O.R.G. para dar a conhecer mais do trilho e trabalho deste coletivo de Aveiro.

Entrevista:

Sons Subterrâneos – Sei por passa-a-palavra que os M.O.R.G. já existem há bastantes anos. Querem descrever resumidamente o vosso trajeto até à atualidade

M.O.R.G. – Resumidamente os M.O.R.G., desde o seu aparecimento em 2004, deram mais de uma centena de concertos, participaram em diversos concursos e ganharam alguns prémios, de entre esses prémios, um deles tinha como objectivo fornecer fundos à banda para a gravação de um EP, possibilitando à banda entrar em estudio pela primeira vez, o lançamento do EP foi atrasado devido a mudanças de formação e finalmente em 2010, sai a primeira gravação de estúdio oficial da banda, depois disso o album foi uma consequência da criatividade progressiva da banda, este retratando melhor a imagem formação em vigor, depois do lançamento, surgiu a oportunidade de assinarmos com a editora MIMS, actualmente, depois de um tempo afastados dos palcos, devido à mudança de baterista, voltámos mais fortes do que nunca e com mais vontade de criar.

Sons Subterrâneos – Qual foi a génese do nome?

M.O.R.G. –  Como o nome indica vem de morgue, na altura surgiu essa ideia, mas após análise verificamos que já existiam muitas bandas com esse nome, pelo que, optamos pela abreviatura MORG, só posteriormente foi atribuido um significado para cada letra, surgindo: Music Of Revolutionary Generation.

Sons Subterrâneos –  Têm dois EPs com nomes relativamente semelhantes, existe alguma razão em especial para isto?

M.O.R.G. – A razão é muito simples, esses dois EP’s na realidade são duas versões do mesmo EP, apenas muda a linha de uma das guitarras e a capa, porque entre a gravação e o lançamento do EP, houve mudanças de formação e do aspecto da capa, entrou Miguel Lima para uma das guitarras, trazendo novas ideias para as musicas do EP, quanto à nova capa essa foi desenhada pelo baterista José Rodrigues, também recem chegado à banda, contribuiu para a capa mas já não contribuiu para as linhas de bateria do EP. Depois essa mesma capa foi editado por David Pedrosa, também recém chegado como baixista, também já não contribuiu com as linhas de baixo para o EP, como podem imaginar, deu-se uma grande mudança na banda nessa altura, daí a existência de “dois” EP’s.

Sons Subterrâneos – Como foi produzir o vosso primeiro álbum, “Nightmare of Sound”? Consideram a experiência como um marco na vossa carreira?

M.O.R.G. – Claro que sim, como não o poderiamos considerar, nossa primeira longa metragem, um CD audio cheio de ideias nossas, mais trabalhado que o EP, neste álbum já demonstramos uma sonoridade um bocado diferente em relação à do EP, mais à imagem da nova formação. A nível de marketing, para fortalecer a imagem de uma banda, um album tem sempre mais impacto. Quanto à gravação, foi no mesmo estádio que gravámos o EP, estádio Caos Armado, o produtor é um tipo fixe e ajudou a tornar tudo numa experiência divertida, sem perder profissionalismo.

Sons Subterrâneos –  Foram recentemente apontados numa entrevista que publicamos com os Revolution Within como um bom exemplo de Metal em Sta. Maria da Feira. Que bandas locais vos inspiraram e quais são aquelas que recomendariam?

M.O.R.G. – Falando em bandas que inspiraram os M.O.R.G. desde o seu inicio, na nossa região podemos considerar como bons exemplos, os Web, Tarantula, os Odissey, Slam, Fortune Fool, WC Noise, Pitch Black, the fire, algumas delas já nem existem. Para além destas bandas podemos aconselhar aos leitores que ainda não conheçam, grandes bandas da região, como os Headstoned, Revtend, Evillution, Soul Doubt, Dementia 13, Wrath Sins, Buried Alive, e muitas outras de grande qualidade, que não menciono aqui.

Sons Subterrâneos – Sentem que por serem de uma grande cidade isso vos impede de crescer? Se sim, quais são os meios que utilizam para contrariar esse problema?

M.O.R.G. – Claro que há um nicho de bandas mais concentrado na zona do Porto e Lisboa, sabemos de antemão que será mais fácil para uma banda se tornar conhecida se partir dessas zonas, mas temos bons exemplos de bandas fora desses nichos que tiveram grande projecção, como são bons exemplos os Midnight Priest de Coimbra e os Prayers of Sanity do Algarve, por isso, não podemos culpar a zona onde moramos como um factor limitante. Acredito sim, que há países em que teriamos a vida mais facilitada.

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Sons Subterrâneos – O que podem os fãs esperar dos M.O.R.G. num futuro próximo?

M.O.R.G. – Os fãs podem esperar empenho da nossa parte e muitos anos a rockar. Podemos já avançar que estamos com a cabeça num próximo album, ja temos a maior parte das musicas pensadas, acredito que brevemente voltaremos a estudio, assim como teremos uma nova T-shirt.

Sons Subterrâneos – Têm datas de concertos que queiram anunciar?

Não vamos anunciar nada, até porque apesar de já haver uma data para tocarmos no Porto brevemente, falo em inícios de Junho, ainda não foi lançado o cartaz, mas prometemos notícias em breve, estejam atentos.

Sons Subterrâneos – Que links recomendariam a quem quiser ficar a conhecer melhor a banda?

M.O.R.G. – Como páginas aconselhamos a nossa página de Facebook.

Como links, aconselhamos os seguintes links do YouTube

EP – https://youtu.be/87GfN5jJTzw

Album – https://youtu.be/RS3SNCX048A

Videoclip: – https://youtu.be/TL9DJUc06VQ

Por: Carlos Afonso Monteiro

Entrevista – Web

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Trinta anos de carreira é um marco admirável para qualquer banda portuguesa, especialmente uma que ainda hoje luta por conciliar a vida profissional dos seus membros com o amor e furor do Thrash Metal. Os Web são possivelmente um dos melhores exemplos de Metal saído do Porto, e não mostram sinais de abrandar, como aliás dão a entender nesta entrevista.

Entrevista:

Sons Subterrâneos – Como se sentem depois de 30 anos de carreira? As expectativas/desejos que tinham na altura do vosso “nascimento” foram concretizados?

Web – Sim! Na altura do nascimento as nossas expectativas eram apenas tocar de vez em quando como banda de suporte aos Tarantula, banda da qual eramos todos Roadies, neste momento temos 30 anos de carreira interrupta, (nem muitos se podem gabar disso), Demos e cds editados, participações em muitas compilações, muitos concertos na perna, uma banda que se auto sustenta e pricipalmente um grande prazer em fazer o que fazemos com muita vontade de continuar e melhorar.

Sons Subterrâneos – Participaram na mítica compilação “The Birth of a Tragedy” de 1992. Como surgiu a oportunidade? Como vêem essa participação passados estes anos? Sentem que foi um “marco”?

Web – Foi um“marco“ porque foi graças a este convite da MTM para participarmos na 1ª compilação de Bandas Nacionais Metal que decidimos uma um desvio nos objectivos dos Web.

Foi a partir desta participção que nós próprios começamos a olhar para os Web já não como uma banda criada com o grande objectivo de suporte de outra, mas com as suas proprias expectativas, que passaram a ser;  Continuar a apoiar os Tarantula e procurar outras alternativas criando um caminho próprio: No ano seguinte estávamos a gravar a nossa 1ª demo.

Sons Subterrâneos – Presumo que não consigam “viver” da música. Durante estes 30 anos como foi compatibilizar uma banda com as restantes ocupações profissionais?

Web – Foi e continua a ser um desafio constante! Lutamos para que tudo funcione quer em casa, no trabalho e em todas as atividades da banda!

Sons Subterrâneos – Lembram-se de alguma história ou histórias engraçadas/rocambolescas ou marcantes nestes 30 anos? Poderiam partilhar connosco e com os nossos leitores?

Web – A viagem de comboio para o nosso primeiro concerto,  (Rock Rendez Vouz 08-11-1987),  tipo num “pára em todas!”, o Jorge Marques, ( baterista)  foi todo o caminho a treinar os tempos das musicas, num dos assentos do comboio.

Mais recentemente  num  concerto em Vigo, no line-check o Pedro Soares, (baterista)  bateu com a cabeça num holofote e abriu um grande lanho, como temos um médico na banda a solução foi  simples despejou-lhe meio frasco de álcool na cabeça se siga!

Sons Subterrâneos – O percurso dos WEB está bem documentado até 2011 tendo a banda sido fundada por dois roadies dos Tarântula, David Duarte e Victor Matos, em Outubro de 1986 e tendo a banda atingido a mítica marca dos 30 anos. O que aconteceu desde 2011 no universo dos Web?

Web – Em 2011 surge o 2º álbum “Deviance” após a estreia “World Wild Web” de 2005. Já em 2015 surge o 3º longa duração “Everything Ends”. Promovemos cada álbum com concertos um pouco por todo o país, marcando presença nos mais conceituados festivais e procurando sempre oportunidade de dar a conhecer o nosso trabalho.

Sons Subterrâneos – O que nos podem dizer sobre o lançamento da “Evil Tape & Promo Tape Revisited” para comemorar os vossos 30 anos? Presumo que o lançamento seja em formato DVD?

Web – Este lançamento é em formato de cassete dupla. O formato é uma espécie de regresso ao passado para simbolizar estas edições já com mais de 20 anos! É apenas a 1ª celebração dos nossos 30 anos! 😉

Sons Subterrâneos – Têm promovido o vosso último álbum “Everything Ends” de 2015 em vários festivais de Metal em todo o país durante este ano. Como têm sido as reacções? Notam que há rejuvenescimento nas pessoas que apreciam Metal e a vossa banda em particular?

Web – Todos os concertos têm sido intensos com muito público de várias idades. Aquilo que apreciamos é a mistura de gerações que marca presença nos concertos que acontece desde sempre.

Sons Subterrâneos – Quais são os vossos planos para o futuro dos Web? Há algum lançamento na “calha” a nível de álbums ou outro depois de “Everything ends” de 2015?

Web – Não fazemos grandes planos. Vamos vivendo ano após ano e no momento continuamos a promover o álbum Everything Ends, a K7 dupla e estamos a preparar algo único para imortalizar os 30 anos de carreira!

O próximo álbum já está a ser semeado e por isso esperem muito de Web! Sempre ao vosso serviço!

Site oficial dos Web – http://www.webthrashmetal.com/index.php/pt/

Siguam os Web no Facebook – https://www.facebook.com/web.bandofficial/?fref=ts

Por: Vitor Teixeira

Entrevista: Obscura

63100_photoO ainda recente álbum dos Obscura, “Akroasis“, já é o mais bem sucedido da história da banda, que continua a tentar criar novos sons que desafiem os limites do Death Metal especialmente devido ao seu elemento progressivo. Estes temas e outros estiveram em discussão quando falámos com Steffen Kummerer, fundador do coletivo alemão.

Entrevista:

Sons Subterrâneos – Sentes que “Akroasis” está a ser bem recebido pelos fãs e pela crítica?

Steffen Kummerer – Sim, “Akroasis” acabou de entrar para as maiores posições de vendas que tivémos na história dos Obscura e eu estou grato aos nossos fãs pela sua lealdade e por apoiarem as nossas bandas por mais de uma década. Os nossos fãs e a imprensa vêm “Akroasis” como o seguimento lógico dos nossos álbuns anteriores e também reconhecem que existem mais elementos progressivos no novo álbum. A produção de alto calibre também tem sido mencionada várias vezes, algo que nos enche de orgulho devido ao longo tempo que passámos a produzir este trabalho. É fácil dizer que o novo álbum é o mais bem sucedido da nossa carreira até agora e mal posso esperar por voltar aos palcos e tocar ao vivo tanto quanto possível.

Sons Subterrâneos – A banda sofreu várias mudanças na formação desde “Cosmogenesis”. Estas partidas foram amigáveis ou contenciosas?

Steffen Kummerer – Os Obscura têm uma longa história de mudanças na formação. Eu tenho uma visão clara de para onde esta banda vai caminhar. Toda a gente tem direito à sua palavra sobre onde a banda está nos dias que correm. Estou em contacto com a maioria dos membros prévios da formação dos Obscura desde o início e existem apenas good vibes.

Sons Subterrâneos – Vocês usaram o Kickstarter para conseguirem os fundos necessários para lançarem a compilação “Illegitimation”. Consideras a campanha um sucesso? E se sim, farias o mesmo novamente?

Steffen Kummerer – Seguimos esse caminho para apresentar material antigo e demos aos nossos fãs fazendo a pergunta de se estavam interessados nesse tipo de material – e usámos o meio de crowdfunding, algo que poucas bandas de Metal tinham feito na altura. A razão foi para não lançarmos demos antigos ou uma compilação através de uma editora apenas para fazer mais uns trocos. A campanha mal conseguiu cobrir os custos de fabrico de vinis, CDs e T-shirts de alta qualidade assim como o custo de entrar no Woodshed Studio para remasterizar o novo material e gravar três covers. Lançámos o material antigo diretamente aos nossos fãs e conseguimos criar um produto de alta qualidade, nesse aspeto foi um sucesso. Mas isto foi um caso de exceção e não vou voltar a trabalhar desta forma.

Sons Subterrâneos – ‘Akroasis’, ‘Septuagint’, ‘Ten Sephiroth’… A teologia parece ser um parte importante das vossas letras. Concordas com esta avaliação?

Steffen Kummerer – Desde o nosso segundo álbum (“Cosmogenesis”) todas as letras funcionam em três níveis; religião, física e filosofia. Dentro de “Akroasis” as três entidades estão presentes ao mesmo tempo e eu vario entre material de diferentes religiões e tópicos de racionalidade tentando ligar essas ideias à filosofia, especificamente à visão do naturalismo germânico. Se leres entre as linhas, te sentares por um momento e tentares perceber as letras poderás chegar à conclusão que se tratam de pensamentos negativos e definitivamente negros. Um tema muito negligenciado e sublime.

Sons Subterrâneos – O nome Obscura foi inspirado pelo álbum de Gorguts com o mesmo nome?

Steffen Kummerer – Sim, esse álbum teve um enorme impacto na forma como eu vejo o Death Metal.

Sons Subterrâneos – Cynic e Death são duas bandas que claramente tiveram uma influência na tua música. Há outras bandas que te influenciem quando escreves novo material hoje em dia?

Steffen Kummerer – Ambas a bandas mencionadas tiveram uma forte influência em mim como músico quando comecei a tocar guitarra na adolescência. Com os Obscura encontrámos a nossa identidade há uns anos atrás e eu prefiro fazer algo que seja nosso do que incluir certos vibes no nosso som. Por outro lado tudo o que leio ou ouço acaba por de alguma forma influenciar-me como pessoa e como músico. Nestes dias Black Metal e Rock Progressivo são as coisas que mais ouço, mas isso não significa que os Obscura vão soar como os Watain no próximo álbum.

Sons Subterrâneos – Apesar do vosso som, que é muito sui generis, por vezes parece que os Obscura estão de certa a prestar homenagem aos clássicos do Death Metal. Isto é algo intencional.

Steffen Kummerer – Isso não é algo feito de propósito. Toda a gente tem as suas influências ou um certo background musical que se revela em pequenas doses aqui e ali, but insisto, nós preferimos seguir o nosso próprio caminho, escrever música que adoramos e viajar pelo globo.

Sons Subterrâneos – Tens projetos paralelos fora dos Obscura que queiras dar a conhecer?

Steffen Kummerer – Desde 2003 tenho trabalhado com uma segunda banda chamada Thulcandra, uma banda de Black/Death Metal clássico que soa um pouco ou oposto dos Obscura. Se gostas de Dissection ou Unanimated ouve um dos álbums que lançámos nos últimos anos. Neste momento há um quarto álbum a ser produzido e deverá ser conhecido no início do próximo ano.

Muito obrigado pela entrevista.

Sons Subterrâneos – Somos nós que agradecemos pelo previlégio e aguardamos atentamente novidades dos Obscura.

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Por: Carlos Afonso Monteiro